terça-feira, 24 de janeiro de 2017

A luz ao longo do dia


Fotografia é o registro da luz. A origem vem do grego:

photo = luz
graphein = marcar, registrar, desenhar, escrever

Não precisa pensar muito para compreender que a qualidade da luz é fundamental para as nossas fotos. Ao longo de um dia a luz muda, e muda muito. Cada mudança de luz nos traz oportunidades e desafios.

Nesse novo artigo eu mostro como a luz muda no decorrer do dia, apresentando exemplos e mostrando o que se pode fazer em cada caso. Acho que essa compreensão pode ajudar bastante no planejamento das saídas fotográficas.

Em tempo... clique nas fotos para ver em resolução um pouco melhor. As fotos perdem bastante qualidade aqui no blog.


A Blue Hour da madrugada

Vamos começar pela madrugada! Por volta de uma hora antes do amanhecer os nossos olhos ainda enxergam tudo como noite, mas já existe uma pequena luminosidade. Essa luz tênue pede tripé e uma longa exposição, mas o resultado é uma surpresa - a luz é azul.

Dedo de Deus na Blue Hour

As fotos na Blue Hour são belas, com um toque de melancolia. Curiosamente a Blue Hour é relativamente pouco conhecida, talvez por essa luz azulada ser pouco percebida pelo olho humano.


A Hora Mágica da manhã

Por volta de 45 minutos antes do nascer do sol começa a surgir um pequeno filete de luz no horizonte. Tons vermelhos muito intensos marcam o início da Hora Mágica, que em inglês é conhecida como Golden Hour. O dia vem nascendo e tudo muda rápido, cobrando destreza do fotógrafo. A grande foto pode surgir e nos abandonar num piscar de olhos. E ainda temos que usar sem vacilar filtros ND graduados ou saber capturar fotos para montar um HDR. Sem essas técnicas pode ser impossível lidar com o alto contraste da cena.

Em nenhum momento do dia a luz muda tão rápido... Em nenhum momento do dia a luz é tão bela... O desafio certamente vale à pena.

Serra dos Órgãos na Hora Mágica


A luz do início da manhã

No fim da Hora Mágica o sol já está na cena. Os tons avermelhados e alaranjados vão dando lugar a uma luz amarelada, não tão bela quanto à anterior. De frente para o sol temos flare e estouros. De costas para o sol vemos montanhas com luz frontal, sem relevo. Essa é uma luz difícil... É preciso ser criativo, aproveitar sombras, usar a luz lateralmente, esconder o sol... Enfim uma luz desafiadora que pode render fotos bem interessantes.

Rio dos Frades no início da manhã, região de Três Picos


A luz do meio da manhã

No meio da manhã o sol já está a uns 45 graus no céu. A luz é de tonalidade bem neutra e tudo muda devagar. Talvez seja a hora mais fácil de fotografar. E é também é uma hora em que muitos de nós estamos indo pra montanha. Tudo favorável... Nessa hora podemos tirar proveito do filtro polarizador circular, que intensifica o azul do céu e destaca as nuvens.

Montanhas de Três Picos no meio da manhã


Sol a pino

Meio dia, sol bem alto no céu. Tudo fica muito esbranquiçado e com sombras duras. O filtro polarizador quase não tem efeito. Pode-se dizer que essa é a pior luz do dia. Em passeios fotográficos em montanha é hora de dar uma parada, almoçar e descansar. É até possível fazer boas fotos, mas é bem difícil. Se a luz não ajuda temos que buscar uma composição especialmente forte.

Três Picos com sol a pino


A luz do meio da tarde

O sol retorna para os amistosos 45 graus e tudo volta a ficar fácil. É montar o filtro polarizador circular e sair por aí, sem pressa e escolhendo enquadramentos. As fotos saem naturalmente bonitas.

Refúgio Canto da Pedra em Três Picos no meio da tarde


A luz do fim da tarde

Perto da hora do pôr do sol a luz amarelada está de volta. Hora de ser criativo e tentar "vencer" essa luz difícil. Dica: Na direção do sol os diversos planos de montanhas ficam bem destacados e isso pode render boas fotos.

"Mar" de montanhas da Região Serrana Fluminense, com a luz do fim da tarde


A Hora Mágica da tarde

Se você não acordou para a hora mágica da manhã você tem uma segunda chance à tarde. A boa notícia é que agora as coisas são um pouco mais fáceis - você chega no local com luz e isso facilita encontrar um bom enquadramento, montar o equipamento, fazer as regulagens iniciais. Mas quando o show começa tem que estar no domínio do equipamento e das técnicas. A Hora Mágica não perdoa quem não fez o dever de casa... 

Montanhas da Serra da Estrela na Hora Mágica da tarde


A Blue Hour do início da noite

Muita gente encerra os trabalhos assim que o sol se põe, perdendo o final da Hora Mágica e também a Blue Hour. Esse é um erro bem comum. Se a locação é bacana tem que ter paciência e esperar. Reforçando aqui... o olho humano não percebe muito bem a Blue Hour. Parece que virou noite, mas o sensor da câmera capta a tonalidade azulada da luz. É uma grata surpresa fotografar um céu aparentemente escuro e ver surgir na tela uma linda foto azul.

Pico das Prateleiras na Blue Hour


A noite e as estrelas

O ciclo da luz ao longo do dia se fecha com a noite profunda. O tom azulado da Blue Hour já ficou para traz, mas temos a oportunidade de fotografar paisagens com estrelas. Mais uma vez temos que ter domínio sobre o equipamento e as técnicas. Com pouca luz tudo é mais complicado - enquadrar, fotometrar, focar... Mas o resultado pode ser bastante impactante. 

Três Picos, Via Láctea e as Lua cheia


A compreensão da luz ao longo do dia pode nos ajudar bastante no planejamento das nossas saídas fotográficas. E com o tempo vamos aprendendo a lidar com cada uma dessas situações e podemos voltar para casa com fotos bem melhores, mesmo em situações aparentemente adversas.

E eu encerro o artigo aqui reforçando a importância da observação. Todo bom fotógrafo é antes de tudo um bom observador. Estando ou não com a câmera, tente perceber como a luz muda ao longo do dia, tente identificar as fases que eu mostrei no artigo. Isso ajuda bastante a prever os próximos passos quando se está em campo - Vale a pena esperar? Já podemos ir embora? Vamos tentar outra locação? Quanto mais se observa e se pratica, mais se acerta.

Espero que esse novo artigo tenha sido útil para vocês aventureiros fotógrafos, ou fotógrafos aventureiros... Para ir mais à fundo, conheça a Oficina de Fotografia com Waldyr Neto


8 comentários:

  1. O olhar voltado para a natureza através da lente de uma câmera é o conteúdo que a alma precisa para transmitir a paz e a energia a si mesmo e ainda podendo ser compartilhados com outros que entendem esta busca.

    ResponderExcluir
  2. Belo artigo Neto. Descobrir as mudanças da luz, a força ou sutileza de cada fase dela, é incríve. Faz com que nós, novos "aventureiros fotógrafos", passe a querer um dia se tornar "fotógrafos aventureiros".
    Obrigado por compartilhar o conhecimento!

    Rodrigo Fernandes
    @rfernandes82

    ResponderExcluir
  3. Excelente artigo...vamos aplicar!
    Obrigado por compartilhar.

    ResponderExcluir
  4. Sou um apaixonado por fotografia!...
    agradeço-lhe muito, pelo artigo!
    Já estou te seguindo, para aprender mais!
    Abração!

    ResponderExcluir

Deixe aqui seu comentário.